Posto aqui um artigo escrito pela minha mãe, descrevendo o Natal da sua infância, em Montenegro/RS
NATAL DE MINHA INFÂNCIA
O Natal de minha infância era muito diferente do Natal de hoje.
Meus Irmãos e eu esperávamos, com grande ansiedade, a chegada no Natal. Sabíamos que neste dia se comemorava o nascimento de Jesus Cristo, o Salvador da humanidade. Além disso, era a data em que recebíamos presentes.
Nossa árvore de Natal era geralmente um galho de araucária, que meu pai escolhia, para que mais se parecesse com uma árvore, pois não costumávamos arrancar araucárias para fazer o pinheirinho. Embaixo da árvore colocávamos o presépio, que era circulado por barbas de pau, que também eram usadas para fazer nossos ninhos, onde eram colocados os presentes. A árvore era enfeitada com bolinhas coloridas que eram de vidro, daí o cuidado que se tinha que ter, para que elas durassem diversos anos. Aos invés de luzinhas, tínhamos pequenos castiçais, com velas pequenas, coloridas, que eram acesas na noite de Natal. Os castiçais eram de lata e tinham no pezinho um prendedor, como se fosse um prendedor de roupa, para prender na árvore. O presépio era bem bonito. Além da Sagrada Família, tinha Anjos, Reis Magos, ovelhas, camelos...
Minha mãe se esmerava na feitura de doces deliciosos e licores para o Natal. Dentre eles, não faltavam os famosos biscoitinhos, com variadas formas e enfeitados com confeitos de cores diversas. Aliás estes doces e licores eram também oferecidos aos ternos de Reis, que nos visitavam nessa época.
Na véspera de Natal, minha irmã, meu irmão e eu íamos cedo para a cama, na expectativa de que o dia chegasse mais depressa e que pudéssemos conferir o que havia nos nossos ninhos.
Normalmente, os ninhos continham alguns brinquedos como caminhãozinho para meu irmão e bonecas para mim para minha irmã e mais doces balas e os biscoitinhos que a mãe fazia. A medida que fomos crescendo, os brinquedos começaram a ser substituídos por roupas e calçados. As roupas, normalmente eram feitas por nossa mãe. De qualquer modo era uma alegria acordar no dia de Natal e ir procurar o que havia nos ninhos. Estes eram feitos de barba de pau, que se colhia no mato natural que havia perto de casa.
Porém havia também o outro lado do Natal. Os pais normalmente ameaçavam as crianças dizendo que se não se comportaram ou fossem mal na escola durante o ano, o Papai Noel deveria dar uma vara de marmelo no lugar de presentes. Não lembro de meus irmãos ou eu, termos ganho uma destas.
A infância daquela época, tinha uma vida mais simples, mas não menos feliz. Os brinquedos eram simples: jogo de bola, pião, amarelinha, pescaria na sanga, cantigas de roda, bambolê, ioiô, cinco marias, cabra cega, bolinhas de gude, esconde-esconde, bambolê, boneca de pano e uma infinidade de brincadeiras coletivas que faziam a alegria da criançada.
Natal era também o dia de brincar com os brinquedos novos.
Assim foi o meu Natal, dos meus irmãos e, com algumas variações, das crianças daqueles tempos.
Marina Lima Leal, com a colaboração da família.
Dezembro de 2021
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